No país vizinho de Espanha na década de 30 do século XX, produziu-se uma violentíssima e cruenta perseguição religiosa: 13 bispos, 4184 sacerdotes, 2365 frades e monjes, 283 irmãs, e milhares de leigos foram assassinados "in odium fidei", a esmagadora maioria no decorrer da Guerra Civil Espanhola. A tragédia, apesar de toda a dor, constítui uma das páginas mais gloriosas da Santa Igreja Católica com o martírio de uma multidão de santos e santas que por amor a Deus e à sua Igreja deram a suas vidas, e dos quais sou afinal, irmão na Fé pela graça do Baptismo. Este espaço é a todos eles e elas dedicado! Que a intercessão destes santos e beatos junto de Nosso Senhor Jesus Cristo me ajude a ser um cristão coerente e verdadeiro neste nosso século XXI!

Não é minha pretensão com este blog julgar os assassinos ou seus herdeiros ideológicos. Ao Senhor pertence o julgamento. Eu, que apenas ambiciono ser um simples seguidor de Cristo na sua Igreja, cabe-me perdoar, tal como o fizeram aos seus carrascos estes mártires espanhois que aqui vão ser apresentados. Faço minhas as palavras do cardeal vietnamita Nguyen Van Thuân - que passou 12 anos em prisões comunistas - quando dizia "não me sentiria cristão se não perdoasse".

Nesta nossa sociedade de 2012, de indiferentismo religioso, hiper-consumista, hedonista e abandono de valores cristãos, foi Graças à "descoberta" das histórias individuais de todos estes mártires, à sua imolação, ao seu holocausto; que dei por mim num caminho de conversão. Re-encontrei-me com Jesus Cristo e com a Santa Igreja Católica.

"Por causa do Meu nome, sereis odiados em todas as nações" (Mc 13,13).

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sete Irmãs da Ordem da Visitação de Madrid - Beatas

As sete irmãs da Visitação martirizadas por ódio à Igreja: todas levam perante Cristo a palma do seu martírio.



Sete mulheres, monjas contemplativas, da Ordem da Visitação (http://www.ordemdavisitacao.com/) foram cruelmente assassinadas por ódio à fé católica em novembro de 1936, em Madrid. Seis morreram no dia 18. A sétima, morreu no dia 23. Todas unidas em comunidade, inocentes, perseguidas, humilhadas, mantiveram seu Amor a Cristo e à Igreja até ao fim, um exemplo para todos nós, pois também elas viveram um tempo de ódio insano à Fé.


O ateísmo, através de algumas das suas manifestações mais extremadas, (marxismo e anarquismo) apresentava no ano de 1936 em Espanha, um ódio visceral e irracional a Jesus Cristo, à Igreja Católica e seus fiéis. Incontáveis irmãos e irmãs meus, cristãos, católicos, deram suas vidas, num testemunho de Fé, que hoje ilumina a minha vida. Podiam ter abandonado a Fé. Podiam ter negado Jesus Cristo. Mas preferiram testemunha-Lo, e afirmarem-se como cristãos empenhados e comprometidos com a Igreja. Os inimigos da Igreja, abateram-os(as) sem piedade, mas o Senhor, meu Pai, Justo e Misericordioso, recompensou-os(as) com a Glória da Vida Eterna. Hoje apresento-vos 7 irmãs contemplativas de Madrid. 7 religiosas que se entregaram à vida escondida dos olhares do Mundo, da vida religiosa contemplativa. 7 mulheres que pagaram com a vida, a força da sua Fé.

A 18 de julho de 1936, o seu convento foi assaltado, pilhado e ocupado pelas milicias anarquistas que dominavam as ruas de Madrid. As sete religiosas no entanto tinham-se refugiado dias antes num sotão de uma casa vizinha que haviam alugado na Rua González Longoria. Ali, fundaram, em ambiente de clandestinidade, uma espécie de pequeno mosteiro, que para elas se convertiria durante 3 meses na ante-câmara da Glória do Céu.


Sua presença foi denunciada por duas jovens criaditas que trabalhavam no prédio. Chegaram a ser visitadas pelos milicianos, que embora não as tivessem matado, as roubaram, maltrataram e as ameaçaram.


Por quatro vezes, tiveram oportunidade de escaparem e de se refugiarem em domicilios mais seguros. os porteiros da casa, um casal cristão, revelaram-se exemplares no tratamento com as Irmãs, até mesmo heróico. Agradeceram sempre os conselhos, mas sempre os recusaram. Mantiveram-se unidas em comunidade: "Prometemos as sete perante Jesus, de não nos separarmos". Palavras textuais das beatas.


No mês de novembro, com o início da grandes matanças colectivas de cristãos em Madrid, pressentiram que tinha chegado também para elas, a hora de trevas e de Glória. O ódio ateísta tinha apertado o círculo da cruel perseguição. A noite de 17 para 18 passaram-na em oração. Horas de Getsamani em direção ao Calvário. Deixaram um testemunho verbal, testemunhado por quem as ouviu que "Estamos muito tranquilas e seguras nas mãos de Deus. Ele fará de nós o que mais convier".


Às 19h00, já de noite, vieram os milicianos procurá-las. Às 20h00, as 7 mulheres indefesas, sem qualquer processo judicial contra elas, inocentes como cordeiros, foram fuziladas à queima-roupa na confluência das ruas López de Hoyos com a Velázquez, no extremo-norte da Madrid de então. Morreram 6. Sobreviveu a Irmã Cecilia, que foi detida por dois polícias que lhe asseguram uma família de confiança onde poderia acolher-se. Não aceitou o convite. Declarou-se mais uma vez, monja contemplativa. Acabou presa numa "checa" (prisão privada dos milicianos marxistas), onde no dia 23, acabou por ser assassinada nos muros do cemitério de Vallecas.


Os assassinos destas nossas Irmãs, ficaram com os seus nomes sepultados no anonimato da História, que o ódio merece. Elas, puras e santas, receberam a Glória Eterna, com duas auréolas: a da sua virgindade e a do seu martírio entregue ao Senhor. E anos mais tarde, toda a Igreja rejubilou com a sua glória, no dia da suas beatificações, na Praça de S. Pedro, em Roma, a 10 de maio de 1998.


As Sete Mártires:

Maria Gabríela de Hinojosa Naveros, 64 anos, superiora da comunidade;

María Cecilia Cendoya Araquistain, 26 anos;

María Inés Zudaire Galdeano, 36 anos;

Maria Engracia Lecuona Aramburu, 39 anos;

María Ángela Olaizola Garagarza, 41 anos;

Teresa María Cavestany Anduaga, 48 anos;

Josefa María, 55 anos.


Beatas Irmãs mártires da Ordem da Vistação, vós que "escolhestes a melhor parte" numa vida feita de oração e paz, ajudai-me a abandonar a minha vida dissoluta e pecadora, e intercedei por mim a Nosso Senhor Jesus Cristo!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Monges Cistercienses de Viaceli - mártires

Fotografia do mártir Pe. Pío Heredia, formador e Mestre de Noviços do mosteiro, com vários dos mártires cistercienses.

Caríssimos leitores, hoje venho apresentar-vos os nossos mártires da Abadia cisterciense de Santa Maria de Viaceli, da Ordem Cisterciense da Estrita Observância (vulgo Trapistas), na diocese de Santander (província de Cantábria).
Também esta pacífica e contemplativa comunidade monástica da nossa amada Igreja católica foi perturbada pela agressão marxista da vil perseguição religiosa em Espanha em 1936, tendo vários dos seus monges sido chamados ao martírio.

Esta comunidade cristã de humildes monges de Viaceli reconhece ao Senhor a especial Graça de ter oferecido à Igreja o testemunho de profunda fidelidade e adesão inquebrantável a Cristo, de muitos dos seus monges: o Pe. Pío Heredia e mais 14 Irmãos, que depois de várias ofensas, entregaram suas vidas por amor a Jesus Cristo.
Seu processo de beatificação, iniciado em 1997, encontra-se em processo bastante avançado, já na fase Romana.

Tais como todos os outros que neste Blog já fui apresentando, também estes mártires deram sua vida unicamente pelo seu amor a Cristo e por não aceitarem o convite de se tornarem apóstatas.
6 padres e 9 Irmãos, e nenhum apóstata da Fé! Um exemplo para as nossas vidas, para a minha em particular! Meu bom Senhor, tende piedade de mim, e dái-me uma Fé como a destes meus santos irmãos cistercienses para que Te possa amar com mais empenho!

Não cometeram nenhum crime contra ninguém. Não cometeram nenhum crime contra o Estado. Seu único crime, naqueles tempos de em que o fanatismo marxista e o laicismo agressivo ateu campeou pelos campos, vilas e cidades de Espanha, foi o de terem abraçado livremente a Regra monástica de São Bento e São Bernardo e serem fiéis à Santa Igreja de Roma. Isso, meus caros, os marxistas não podiam tolerar. Não podia haver outro Deus do que Marx, Lenine ou Estaline.

A 8 de setembro de 1936 a comunidade foi detida, tendo o Pe. Pío Herédia, responsável pelos Irmãos (uma comunidade monástica divide-se entre monges sacerdotes e monges Irmãos), foi sujeito a violento interrogatório pelo responsável do Comitê de Guerra. Cobriram o seu corpo de golpes, bastonadas, para além de todos os impropérios blasfemos que lhe dirigiam. O seu silêncio, a sua calma e gestos de perdão para com os seus carrascos marxistas deixava-os ainda mais enfurecidos.


Abadia cisterciense de Santa Maria de Viaceli: "O sangue dos mártires é o melhor antídoto contra a apatia religiosa".

O Pe. Pío Herédia junto com os Irmãos do mosteiro vieram a ser assassinados nas falésias do Cabo Mayor, junto à cidade de Santander. Vários testemunhos afirmam e louvam a Fé daqueles jovens e inocentes monjes, quando a caminho da sua imolação, em cima do um camião que os transportava, cantavam salmos de louvor ao Senhor. "Iam morrer, e iam a cantar. Nunca me poderei esquecer disso", diz uma testemunha que na época tinha apenas 15 anos. (Ver outro meu post anterior: "Mártires de Barbastro").

Foram atirados aos rochedos e ao mar, durante a noite, de mãos fortemente atadas à cintura. Uns morreram despedaçados nas rochas, outros afogados, e outros gravemente feridos, acabaram por morrer por falta de quem os socorresse. Para os marxistas, eliminar a Igreja Católica em Espanha era um desígnio a cumprir.

Uns dias depois, a 3 de dezembro de 1936, o mar devolveu às praias da zona de Santander, alguns corpos. Um deles o do Servo de Deus Pe. Pío Herédia. Com os braços atados atrás das costas, e com a boca cozida. O horror da tortura dos inimigos da Igreja aos que permaneceram fiéis a Cristo não tinha fim.




Visão geral do Cabo Mayor, junto a Santander. Daqui foram atirados ao mar e às rochas os jovens mártires monges de Viaceli.



Monumento erigido no Cabo Mayor (Santander) em memória dos mártires. As inscrições na base do monumento foram entretanto retiradas pela democracia.



Os mártires da abadia de Viaceli eram na sua maioria bastante jovens. Eram a esperança vocacional de uma comunidade florescente, que se converteram na semente semeada na boa terra, fecunda para germinar novas vocações à Santa Igreja Católica. Aqui ficam, para memória, seus nomes e idades destes nossos irmãos na Fé de Jesus Cristo:


Pe. Pío Herédia, 61 anos;
Pe. Amadeo, 31 anos;


Pe. Valeriano, 30 anos;


Pe. Juan Bautista, 31 anos;


Pe. Eugenio, 33 anos;


Pe. Vicente, 31 anos;


Ir. Álvaro, 21 anos;


Ir. Marcelino, 23 anos;


Ir. Antonio, 21 anos;


Ir. Eustáquio, 45 anos;


Ir. àngel, 68 anos;


Ir. Ezequiel, 19 anos;


Ir. Eulogio, 20 anos;


Ir. Bienvenido, 28 anos;


Ir. Leandro, 21 anos.


Actual comunidade monástica da Abadia de Santa Maria de Viaceli. Aspecto do refeitório da comunidade.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Quando os Ateus fuzilaram Jesus Cristo

Talvez a mais das iconográficas e infames imagens da Guerra Civil Espanhola: um grupo de milicianos fuzila a imagem do Sagrado Coração de Jesus no Cerro de los Angeles, em Getafe, a sul de Madrid.


A 28 de julho de 1936 um grupo de milicianos, entre republicanos, comunistas e socialistas , decidiram entre blasfémias e insultos de toda a ordem, fuzilar a imagem do Sagrado Coração de Jesus, erigida no Cerro de los Angeles ( local geográfico do centro da península Ibérica) e que tinha sido inaugurada pelo rei Alfonso XIII, a 30 de maio de 1919, depois de fazer a consagração de Espanha ao Sagrado Coração de Jesus.
Cinco dias antes, estes bravos milicianos do ateismo militante, tinham-se divertido em assassinar cinco jovens católicos que corajosamente deram a sua vida, para guardar e defender o monumento da possível profanação. Esses jovens mártires, mortos in odium fidei, eram:
a) Pedro Justo Dorado Dellmans, de 31 anos;
b) Blas Ciarreta Ibarrondo, de 40 anos, casado;
c) Vicente de Pablo García, 19 anos;
d) Elías Requejo Sorondo, de 19 anos;
e) Fidel Barrios Muñoz, de 21 anos.
Todos leigos pertencentes à Acção Católica. Todos eles cristãos devotos do Sagrado Coração de Jesus. Todos eles cristãos empenhados e comprometidos na vida cristã.
Tinham decidido fazer uma Guarda de Honra ao monumento do Sagrado Coração de Jesus, orando e rezando o rosário.
Na manhã do dia 23 de julho, movido pelo ódio ateista, os milicianos apareceram no Cerro (colina), procurando pelos "frades disfarçados", referindo-se ao grupo dos jovens católicos. Num vexatório tribunal improvisado ali mesmo na esplanada do monumento, foram condenados à morte, não sem antes sofrerem toda a espécie de humilhações e ignomínias. Os jovens mártires partiram para o Céu, olhando de frente o monumento do Coração de Jesus que os parecia abençoar. Caíram gritando "Viva Cristo-Rei!", "Viva o Sagrado Coração de Jesus!". Seus cadáveres ali permaneceram, mergulhados numa imensa poça de sangue, durante 24 horas.



Os ateus marxistas posam para a fotografia no lugar de Deus: onde antes se venerava o Divino, agora julgam-se a si próprios como deuses e, sorridentes, fazem a saudação comunista e socialista com o punho fechado.


No dia 28, cinco dias depois dos cobardes assassinatos dos inocentes, os verdugos ateus, regressaram ao Cerro de los Angeles, agora para proceder ao pérfido e ignóbil julgamento, condenação e fuzilamento do Coração de Jesus. Prepararam toda a paródia, deixando-se fotografar. A imprensa escrita republicana publicou em primeira página essa fotografia do fuzilamento, comentando favoralvelmente o acontecimento: "O desaparecimento de um estorvo", diziam os jornais. O Governo da República Espanhola, em decreto, alterou o nome de Cerro de los Angeles, para Cerro Rojo (Colina Vermelha) nome este, que permaneceu até ao final da Guerra.
Na medida em que o simples fuzilamento não deitou por terra o monumento, uma semana depois, a 7 de agosto de 1936, os ateístas regressaram mais uma vez aos pés do Sagrado Coração de Jesus, agora para o dinamitar, o que aconteceu com três cargas de dinamite.



Placa que honra a memória dos 5 jovens cristãos mártires, mortos pelo feroz ódio ateu a Jesus Cristo e à Santa Igreja Católica.

Ruinas do monumento original do Sagrado Coração de Jesus, dinamitado pelos ateus marxistas em 7 de agosto de 1936.


Junto ao monumento, fica um convento de Irmãs Carmelitas, de vida contemplativa: o Carmelo do Cerro de los Angeles. Essas irmãs, contam-nos muitas histórias acerca do seu vizinho monumento. Uma das mais impressionantes, é o relato de duas conversões daqueles milicianos marxistas que no dia 28 de julho de 1936 apontaram e dispararam suas armas contra a imagem do Sagrado Coração de Jesus. Diz uma das irmãs: "Vários anos depois da Guerra, recebemos uma carta das Filhas da caridade, de Zaragoza, em nos relatava como um homem lhes apareceu no convento, arrependido e a pedir perdão, por fuzilar o Coração de Jesus em Getafe. Outra ocasião, foi um Juíz, num Tribunal civil, que ao ouvir um réu, este lhe pedia para trabalhar na construção de uma igreja, como forma de reparar a ofensa por ter fuzilado a imagem de Cristo no Cerro de los Angeles."

E a irmã carmelita continua: "Estamos aqui, em Getafe, com o Sagrado Coração de Jesus, para O acompanhar; adora-Lo e rezar por todos os homens, especialmente os pecadores". "Também pelos que fuzilaram a imagem de Cristo?" "Sim, claro! Se soubessem o que fariam verdadeiramente, não o teriam feito! Aqui rezamos por todos eles" diz. "E hoje as balas são outras", continua, "São as da ingratidão, as da indiferença. Hoje, na vida do Homem, falta Deus. E sem Deus, o homem é inimigo do homem; deixa-se governar pelo demónio, pela falsidade, pelo egoísmo". Uma da mais jovens monjas carmelitas acrescenta: "Dá-me imensa pena que muitos dos meus amigos e amigas pensem que por viver aqui no convento não seja uma pessoa livre, isto quando na realidade eles são escravos de muitas coisas. sem Deus não há felicidade".

Meus caros amigos leitores, amar é perdoar. Esta é a divisa do verdadeiro cristão. Peço humildemente todos os dias ao Senhor, meu Deus, para me dar um coração assim!



Fotografia actual do novo monumento ao Sagrado Coração de Jesus, iniciado em 1944, e dedicado em 1965.


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Pe. Mario Ros Ezcurra (sscc), Mártir

O jovem sacerdote Pe. Mario Ros Ezcurra com o hábito religioso da Congregação dos Padres dos Sagrados Corações de Jesus e Maria (SS.CC.)


O ódio do ateismo marxista contra a Igreja foi total naqueles anos de 1936 a 1939 em Espanha. Não importavam nadinha em liquidar padres, bispos, ou seminaristas, ou até mesmo Irmãs, simples freiras. Milhares de leigos católicos foram também exterminados in odium fidei. Por serem fiéis à Igreja. Por serem fiéis a Cristo.
Este meu post de hoje, neste meu pequeno memorial virtual, é dedicado ao jovem sacerdote de 26 anos, o Pe. Mario (nascido Luis) Ros Ezcurra, da congregação dos Padres dos Sagrados Corações de Jesus e Maria (SS.CC.), também conhecidos por Padres de Picpus.

Nasceu em Lezáun (província de Navarra) a 30 de abril de 1910. Professou na Congregação dos Sagrados Corações a 15 de agosto de 1935. Fez os seus estudos no colégio da congregação em Miranda del Ebro. Muito simples e sempre muito sincero. "Não sabia mentir", dizia dele mesmo.

Foi ordenado sacerdote em 1935 e foi enviado ao colégio da congregação em Madrid. No fatídico ano seguinte de 1936, teve de sair e refugiou-se numa pensão, (pensão Maria Isabel) propriedade de uns seus tios.

Na noite de 13 para 14 de agosto de 1936, foi preso na referida pensão. Foi sujeito a uma farsa de julgamento, em que se declarou religioso dos SS.CC. e sacerdote. Na noite seguinte, de 14 para 15 de agosto (no dia da festa da Assunção de Nossa Senhora, em que fazia 1 ano de ordenação sacerdotal), foi levado aos arredores de Madrid onde foi fuzilado. Encontraram seu cadáver nesse dia 15, com o rosto destruido pelas balas. Foi reconhecido pelos seus tios, e o corpo foi imunado no cemitério. Tinha na altura da sua imolação, 26 anos.



A 27 de novembro de 2010, teve lugar na igreja paroquial dos Sagrados Corazones em Madrid, a cerimónia de imunação do Servo de Deus Pe. Mario Ros Excurra e outros 4 companheiros da mesma congregação religiosa, também mártires da perseguição religiosa espanhola de 1936. A cerimónia foi presidida pelo bispo D. Ricardo Bosom, delegado episcopal e presidente do Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Madrid. Esteve presente o provincial de Espanha, o Pe. Ignacio Moreno e imensos membros da congregação, sacerdotes, irmãos e irmãs. Após a celebração, realizou-se uma oração de Acção de Graças pelos Mártires.
Os restos dos mártires, foram depositados na capela de São Damião de Molokai, na igreja paroquial dos Sagrados Corazones de Madrid.
Aspecto da capela de São Damião de Molokai, na igreja dos Sagrados Corazones em madrid. Na parede ao fundo, as placas indicam onde repousam os corpos dos mártires da Santa Igreja.


Presentemente, o Pe. Mario Ros Ezcurra tem em Roma, o processo de beatificação em fase adiantada.
Que o exemplo do Pe. Mario Ros Ezcurra, a sua simplicidade e fidelidade a Jesus Cristo, seu testemunho, sua firmeza na Fé nos sirva a todos nós, especialmente a mim, na minha caminhada diária como cristão. Pe. Mario, roga por mim a Nosso Senhor Jesus Cristo!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Beato Anselmo Polanco Fontecha - Bispo de Teruel

O mártir Anselmo Polanco Fontecha (1881-1939) ingressou como noviço no convento da Ordem dos Agostinhos (OSA) em Valladolid aos 15 anos. Dali passou ao mosteiro de de Santa Maria de la Vid (Burgos), onde foi ordenado sacerdote em 1904, tendo-se dedicado à docência. Em 1922 foi nomeado reitor do Seminário de Valladolid, tendo sido re-eleito para o cargo em 1926. Em 1932, foi nomeado provincial da Ordem em Espanha, cargo que o obrigou a viajar por longos períodos pela América do Sul, Filipinas, China e Estados Unidos, em visita às diversas comunidades da sua Ordem religiosa. Em 1935 foi nomeado pela Santa Sé bispo de Teruel, cargo que desempenhava quando se iniciou a Guerra Civil Espanhola. Premonitória foi a frase que disse na sua tomada de posse como bispo da diocese, quando disse: "Vim para dar a minha vida pelas minhas ovelhas".
O seu apostolado como bispo, caracterizou-se pelo grande zelo no acompanhamento dos sacerdotes, pelo seu amor aos mais pobres, pela sua intensa vida de oração e austeridade pessoal, privando-se inclusivé do que necessitava para dar aos necessitados.
Durante a Guerra Civil Espanhola, quando o ódio raivoso do ateísmo comunista e socialista se abateu sobre sua diocese, e o próprio via a sua vida ameaçada, nunca quis separar-se dos seus fiéis, e dizia sempre o mesmo: "Eu sou o pastor, e a minha missão é permanecer junto com as ovelhas que me foram confiadas; ou me salvo com elas, ou com elas morro". Ganhou a admiração e a estima das gentes de Teruel.
No dia 8 de janeiro de 1938 (agora quase a fazer 74 anos), foi feito prisioneiro na companhia do seu Vigário Geral da diocese, Mons. Felipe Ripoll Morata, seu companheiro nos trabalhos pastorais, na detenção, no martírio e na beatificação, ocorrida a 01 de outubro de 1995.
Após 13 meses de cativeiro nas prisões de Valência e Barcelona, a 25 de janeiro de 1939 (último ano da Guerra) e véspera da entrada das tropas nacionalistas na cidade de Barcelona, os presos foram transportados em direção a Santa Perpetua de la Moguda (Barcelona) e daí a Campdevànol y Puigcerdá, na província de Girona. A noite de 26 passaram num comboio, e no dia 27 oram levados a Ripoll, e daí, a pé até Sant Joan de las Abadesas debaixo de uma chuva torrencial. No dia 31 de janeiro, os prisioneiros foram levados a Figueras y Can de Boach em Pont de Molins.
Na manhã de 7 de fevreiro de 1939 (a menos de dois meses da guerra terminar), 30 soldados enviados pelo comandante comunista Pedro Díaz, chefe de uma coluna de tropas de Enrique Líster (mais tarde general do Exército Vermelho da URSS), sequestraram 14 de esses presos, entre eles, o próprio bispo de Teruel, D. Anselmo Polanco, o Pe. Felipe Ripoll, seu Vigário Geral da diocese. Seguiram pela estrada em direção a Les Escaules, e detiveram-se a cerca de um quilometro e meio de caminho, onde fuzilaram os prisioneiros. No dia seguinte repetiram o processo com os restantes 26 prisioneiros. Os fuzilados, alguns deles agonizantes, feridos pelas metralhadoras, foram regados com gasolina e queimados.

Neste mesmo lugar, foi erigido um memorial em 1940, com a seguinte inscrição:
"Viajante, por aqui passou o terror vermelho, deixando como vestígio da sua passagem quarenta cadáveres. (...) Recorda-os com uma oração. 07-II-1939"


Aspecto na actualidade (vandalizado) do monumento que lembra os 40 fuzilados entre eles o bispo Beato Anselmo Polanco Fontecha neste local em fevereiro de 1939.


O cadáver meio queimado do bispo não mostrava sinais de putrefacção, e a pedido da diocese de Teruel, seus restos foram transladados para a catedral da sua diocese.

Em 01 de outubro de 1995, o bispo D. Anselmo Polanco Fontecha e o Vigário Geral Pe. Felipe Ripoll, foram beatificados pelo papa João Paulo II.


Monumento erigido na cidade espanhola de Teruel em homenagem so seu bispo mártir.